Por que, mesmo sabendo dos riscos, continuamos dirigindo de forma insegura?

Por que, mesmo sabendo dos riscos, continuamos dirigindo de forma insegura?

Estamos acostumados a ouvir notícias sobre acidentes de trânsito e não nos abalarmos.  Já uma notícia sobre um acidente de avião nos impacta profundamente. 

A apesar do risco de acidentes e mortes no trânsito ser alto, não damos importância. Mesmo sabendo que os acidentes de trânsito matam cerca de 40 mil pessoas no Brasil todos os anos, continuamos dirigindo de forma insegura. Por que?  

“Quando a gente molda o nosso comportamento no trânsito, acaba se acostumando com o risco”, argumenta a psicóloga especialista em trânsito Melice Gois. “A frequência dos acidentes não é tão alta quanto a dos comportamentos de risco e isso nos leva a não dar a importância adequada para aquele risco”.  

A psicóloga explica que a gente cresce ouvindo que pular de uma ponte provoca morte, então sabemos que pular de uma ponte é perigoso. Ao mesmo tempo, temos a experiência de que, se não usarmos o cinto de segurança, na maioria das vezes não acontece nada, então, deixar de usar não é tão perigoso assim. “É dessa forma que moldamos nosso comportamento. Apesar de conhecermos os riscos, como a frequência deles na nossa vida não é alta, corremos aquele risco. Isso faz com que eu me comporte cada vez mais de forma arriscada. Porque muitas vezes eu bebi e dirigi, eu excedi a velocidade e não aconteceu nada”.

E é justamente na experiência que atua o Memorial da Segurança no Transporte. As simulações levam os visitantes a sentirem, na prática, o impacto de uma colisão e o funcionamento do cinto de segurança, por exemplo.

“O nosso objetivo é justamente esse, proporcionar aos visitantes uma percepção de risco real. Muitos saem daqui bastante impactados”, conta Ariza Sozzo, do Memorial da Segurança. “Apesar da frequência do acidente ser individualmente baixa, no coletivo os números são muito altos. E um único acidente na vida de uma pessoa pode ser fatal”. 

 

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